quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Aterosclerose

A aterosclerose é uma doença crônica degenerativa que leva a obstrução das artérias (vasos que levam o sangue para os tecidos) pelo acúmulo de lipídios (principalmente colesterol) em suas paredes. A aterosclerose pode causar danos a órgãos importantes ou até mesmo à morte. Tem início nos primeiros anos de vida, mas sua manifestação clínica geralmente ocorre no adulto.
Essa doença pode afetar as artérias do cérebro, do coração, dos rins e de outros órgãos vitais, assim como a dos membros superiores e inferiores. Quando ocorre nas artérias que suprem o cérebro (artérias carótidas), ela pode provocar um acidente vascular cerebral, e, quando ocorre nas artérias que suprem o coração (artérias coronárias), pode provocar o infarto no miocárdio.
A aterosclerose é responsável pela maioria dos infartos cerebrais e de miocárdio, representando 55% das mortes na Europa, é a principal causa de morte nos Estados Unidos da América e no mundo Ocidental. Nas sociedades ocidentais é uma doença quase universal, ocorrendo em todos os indivíduos a partir de certa faixa etária, alguns mais cedo, alguns mais tarde. Acredita-se que cerca de um terço das
mortes ocorrem por doença cardiovascular. Tendo a aterosclerose envolvida em quase todos estes casos. Mesmo universal, a doença pode ter sua velocidade acelerada ou diminuída, conforme a interação entre os vários fatores de risco cardiovascular e a predisposição genética da pessoa.
A lesão básica, chamada ateroma, consiste em placas compostas especialmente por lipídios e tecido fibroso, que se formam na parede dos vasos. Levam progressivamente à diminuição do diâmetro do vaso, podendo chegar à obstrução total do mesmo. A aterosclerose em geral é fatal quando afetam as artérias do coração e do cérebro, órgãos que resistem apenas a poucos minutos sem oxigênio.
Segundo Rang Etal (2007), as lesões evoluem durante décadas e, durante a maior parte deste tempo, são clinicamente silenciosas; as ocorrências dos sintomas sinalizam doença avançada.
A formação de placas no interior das coronárias é a causa de morte mais freqüente depois dos 45 anos nas sociedades industriais. Caracterizando-se, assim, a dimensão social da morbidade. E, neste sentido, o presente trabalho objetiva: conceituar a doença abordando sua etiopatogenia, sintomas, fatores de risco, prevenção e tratamento.




ETIOPATOGENIA



A aterosclerose é causada pelo acúmulo de lípides (gorduras) nas artérias, que podem ser fabricados pelo próprio organismo ou adquiridos através dos alimentos. Ela começa quando monócitos (um tipo de leucócito mononuclear) migram na corrente sanguínea e depositam-se nas paredes arteriais e passam a acumular gorduras, principalmente colesterol, formando as placas ateroscleróticas ou ateromas.
Cada área de espessamento está repleta de umas sustâncias cuja aparência lembra a de um queijo, que é constituída além de matérias gordurosas e o colesterol, pelas células musculares lisas e células do tecido conjuntivo.

Os ateromas podem localizar-se em artérias de médio e grande calibre, mas geralmente eles formam-se nos locais de ramificação das artérias, supostamente porque a turbulência constante nessas áreas lesas a parede arterial, tornando-se mais suscetível à formação de ateroma.









O ateroma roto também libera seu conteúdo gorduroso, dando início a formação de um coágulo sanguíneo (trombo). Do qual pode diminuir ainda mais a luz da artéria ou mesmo obstruí-la, ou pode despregar-se e entrar na circulação onde ele produz uma oclusão (embolia).
As artérias afetadas pela aterosclerose perdem elasticidade e, a medida que essas placas de gordura crescem, as artérias estreitam-se. Eventualmente essas placas podem se compor, havendo o contato das substâncias do interior da placa com o sangue, o que produz a imediata coagulação do sangue, e como conseqüência, a obstrução total e súbita do vaso, o que leva ao infarto do miocárdio.





Fatores de Risco


Estudos identificaram que certos indivíduos têm maior propensão ao desenvolvimento dessa doença. São aqueles que apresentam os chamados fatores de risco para aterosclerose.
Dentre os fatores considerados de risco para se adquirir tal patologia, podemos elencar os mais importantes:


· Idade - a aterosclerose-doença é própria da idade madura. Podendo, porém, ocorrer muitas vezes em pessoas jovens ou mais idosos;
· Sexo – antes da menopausa, a incidência da ATS (aterosclerose) é maior no homem do que na mulher. Depois é semelhante em ambos os sexos;
· Obesidade – o aumento do peso eleva o colesterol sanguíneo, provocando a saída de lipoproteínas VLDL do fígado e conseqüentemente a entrada de LDL; aumentando a síntese de colesterol em todo o organismo;
· Inatividade física – a atividade física é muito importante na prevenção da ATS, tendo efeito contrário à vida sedentária que aumenta o risco da cerca de três vezes mais;
· Hereditariedade – a aterosclerose pode ser hereditária;
· Fumo – a fumaça do tabaco causa lesão endotelial e ativação plaquetária, que são importantes fatores causais da trombose. Responsabiliza-se por esse dano, a nicotina e o monóxido de carbono.O hábito de fumar é considerado um dos principais fatores de risco da ATS;
· Álcool – este, usado como aperitivo em consumo moderado (dois drinques por dia), protege contra a ATS; elevando o teor do HDL (colesterol bom) e abaixando o teor de LDL (colesterol ruim). O álcool dilata os vasos intramiocardíacos, aumentando o fluxo sanguíneo e diminuindo a resistência dos vasos. Se usado em excesso pode causar sérios problemas na saúde, em todas as idades;
· Emoção – a tensão emocional aumenta a incidência de ATS. O estresse emocional provoca vasoconstrição coronária e dor aguda no peito em alta percentagem de pessoas;
· Hipertensão – a pressão alta pode causar infarto do miocárdio ou um AVC (Acidente Vascular Cerebral);Diabetes melito – a ATS é mais freqüente e precoce e mais grave nos diabéticos do que nos não-diabéticos;




Sintomas



A aterosclerose é uma doença silenciosa, com isso, não causa sintomas até haver produzido um estreitamento importante da artéria ou até provocar uma obstrução súbita. À medida que a doença estreita a artéria, o órgão afetado pode deixar de receber sangue suficiente para oxigenar seus tecidos. Os sintomas da aterosclerose variam de acordo com o local de acúmulo e desenvolvimento das placas ateromatosas. Por exemplo:

· Nas artérias coronárias, a aterosclerose pode se manifestar com dores no peito (angina) e diminuição da tolerância aos exercícios (cansaço fácil);
· Na circulação cerebral, as manifestações incluem problemas de raciocínio e de memória, dormências, fraquezas musculares localizadas e até mesmo derrame;Nas pernas, podem ser observados sintomas como dores nos músculos da panturrilha, cicatrização difícil, diminuição dos pulsos e alteração na coloração do local afetado



Tratamento e PREVENÇÃO



Para evitar a aterosclerose, devem ser eliminados os fatores de risco controláveis: níveis sangüíneos elevados de colesterol, hipertensão arterial, tabagismo, obesidade e falta de exercício. Portanto, dependendo dos fatores de risco particulares a um indivíduo, a prevenção pode consistir na redução do nível de colesterol, na redução da pressão arterial, na interrupção do tabagismo, na perda de peso e no início de um programa de exercício. Felizmente, a instituição de medidas para atingir alguns desses objetivos acaba auxiliando a atingir os outros.
Por exemplo, o início de um programa de exercícios ajuda o indivíduo a perder peso, o que, por sua vez, auxilia a reduzir o nível de colesterol e a pressão arterial. A interrupção do tabagismo também ajuda a diminuir o nível de colesterol e a pressão arterial. Para os indivíduos que já apresentam um risco elevado de cardiopatia, o tabagismo é particularmente perigoso, pois o fumo diminui o nível do colesterol bom (colesterol ligado a lipoproteína de alta densidade ou HDL-colesterol) e aumenta o nível do colesterol ruim (colesterol ligado à lipoproteína de baixa densidade ou LDL-colesterol).
O tabagismo também eleva o nível de monóxido de carbono no sangue, o que aumenta o risco de lesões do revestimento da parede arterial e o fumo contrai as artérias já estreitadas pela aterosclerose, comprometendo ainda mais o volume de sangue que chega aos tecidos. Além disso, o fumo aumenta a tendência do sangue de coagular e, dessa forma, aumenta o risco de doença arterial periférica, doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e obstrução de um enxerto arterial após uma intervenção cirúrgica. O risco de doença arterial coronariana do tabagista está diretamente relacionado ao número de cigarros fumados diariamente.
Os indivíduos que deixam de fumar apresentam uma redução de 50% do risco em comparação àquelas que continuam a fazê-lo, independentemente do período de tempo que eles fumaram. O abandono do tabagismo também diminui o risco de morte após uma cirurgia de revascularização miocárdica (bypass) ou após um infarto do miocárdio. Além disso, o abandono do tabagismo diminui a incidência da doença e o risco de morte em indivíduos com aterosclerose em artérias distintas daquelas que suprem o coração e o cérebro.
Em resumo, o melhor tratamento para a aterosclerose é a prevenção. Quando a aterosclerose torna-se suficientemente grave a ponto de causar complicações, o médico deve tratar as complicações – angina, infarto do miocárdio, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, acidente vascular cerebral ou obstrução de artérias periféricas. Os estudos para o combate, prevenção e tratamento são inúmeros e em todas as partes do mundo por diferentes cientistas. No Brasil podemos citar um estudo realizado pelos Pesquisadores do Laboratório de Fisiologia Celular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conseguindo desenvolver um composto que poderá servir de base para tratamento e até prevenção da doença, sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos ou intervencionistas e sem os efeitos colaterais ocasionados por drogas utilizadas atualmente.

scielo.br/scielo

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